6.12.06

O "conhecimento" do passado não existe mais...


Assim o Prof. Paulo Renato de Souza , introduz sua palestra ressaltando o quão "duradouro"era esse conhecimento e desta forma estruturados os sistemas educacionais. Só que isso não é mais verdade, segue:
Ou aprender permanentemente, e aí está embutido também o cidadão consumidor, ou não participar em sociedade. Esse é o desafio: a reorganização para atender esse "novo" aprendizado permanente.
E entendendo educação permanente não apenas para as pessoas que são educadas para ter educação, mas para TODAS as pessoas, aí incluídas as que não não foram educadas para ter educação(!)
E se o ensino Básico tem como função primeira ensinar a aprender , pensar, raciocinar, o Sistema de Ensino Pós-Médio ( e o Superior é parte dele) preisa pensar o sistema como de fato um "sistema", atendendo demandas específicas: flexível, diversificado e heterogêneo.
A título de exemplo : a USP pode não ter demanda para formar o "carnavalesco" mas a Universidade da Baixada Fluminense deve formar esse técnico para o atendimento da necessidade local.
É possível...
Além de contemplar os cursos tradicionais, também os tecnólogos, com menor rigidez;
Modalidade presencial convivendo com EaD;
Conteúdos que envolvam o uso de tecnologia.

Em síntese : o ensino Pós-Médio deve fazer diferença na vida das pessoas e empregabilidade é um fator de medição para essa distinção.

Há que se reconhecer avanços nesse sentido mas chamar a atenção para a Reforma Universitária que vem sendo proposta e que não "olha"para esse mundo de hoje.

O Prof. Paulo Renato de Souza com sua palestra finaliza a proposta das mesas do dia 06/12: Reflexão sobre o Ensino Superior no Brasil - desafios e tendências.

Desafios para as pequenas instiuições...que são das grandes também!


Prof. Paulo Alcântara, Universidade Castelo Branco, RJ
discorre baseado num dado estatístico apontado pelo MEC: das 2000 instituições privadas cerca de 50% tem menos de 500 alunos.

Como garantir a sustentabilidade de tais instituções e associá-las ao desenvolvimento local?

É um desafio que está relacionado a vários fatores condicionantes, dentre eles:

Sociedade do Conhecimento e suas peculiaridades – em 2010 80% da tecnologia terá menos de 10 anos e o “fator trabalho”mais de 10 anos de formado;

Resposabilidade Social : A Universidade não pode se eximir em responder as questões: pobreza, violência, inclusão social e educação básica.

Como se tornar um efetivo ator no processo de gestão de conhecimento levando em conta esses fatores?
Como evitar perder espaço? e como garanti-lo?
Como estabelecer o diálogo com o mundo empresarial?
E os egressos? Será ele um trabalhador formado no espírito “se você traz um problema e não a solução, você é parte do problema" ?

Enfim, a Universidade está respondendo ao desafio? As pequenas? E as "grandes" ? ...

A preocupação em formatar um curso...


Yann Duzert, FGV.
Sua experiência como coordenador do Curso: antes que o fosse formatado houve o cuidado inicial em pesquisar as grandes empresas com ramificação internacional e duas preocupações foram ressaltadas : formação de gestores no campo internacional e fluência em inglês nas negociações (por isso o curso é todo em Inglês) .
Assim quatro pilares sustentam o currículo:
Capacidade de gestão e agilidade num cenário internacional de rápidas mudanças;
Tomada de decisões e democracia : formação do Diplomata Corporativo, um facilitador na tomada de decisões e gerenciamento coletivo;
Possibilidade de atuação em sistemas que permitam revisão constante, acompanhando as transformações, sem o impedimento de rotinas rígidas e permanentes.
Por fim, a habilidade de "ler"o mundo em sua diversidade: traduzi-lo para melhor condução das negociações.

Refletindo sobre a internacionalização das escolas de Gestão


Dr. Fernando Meirelles, EAESP.
Novos modelos de escola de Gestão emergindo, os sintomas são visíveis mas focaliza a própria experiência a partir da FGV-SP cuja missão é "conhecimento relevante e aplicado". No mundo são mais de 15000 escolas de Administração tendo o Brasil maior número. Segue fazendo uma breve análise da distribuição geográfica de tais escolas.
Por que a internacionalização é importante?
CAPES/nota;
Credenciamento;
Cumprir a própria visão e missão da FGV.
As visões do que é a internacionalização diferem entre os organismos de classe mas o pano de fundo, quatro dimensões:
Padrões internacionais de qualidade;
Reconhecimento internacional;
Exposição, intercâmbio e Inegração entre culturas;
Capacidade de "trânsito" - atrair, formar alunos que se movam no mundo.

ANPAD: resgaste e trajetória ao longo de 30 anos


Prof. Armando Cunha, FGV
Sua presença se dá , acredita ele por duas razões: experiência em Educação em Administração e testemunho de 35 anos no “campo de batalha”da FGV, sobretudo Administração Pública.
Na última reunião da ANPAD, 2006, ele refletiu sobre os anos de criação (76) da Associação e sua consolidação. Foram anos de muita complexidade na iniciativa de oferecer programas num contexto que não favorecia o associativismo. O campo em Administração era ainda bastante novo no Brasil e se havia já uma perspectiva de crescimento na graduação, não existia a mesma visão sobre a Pós. Portanto os primeiros anos focalizou muito mais a reflexão sobre a própria “organização”da Associação, tentando superar a fragmentação e os parcos recursos. Havia também a preocupação que a ANPAD não se tornasse uma mera reunião de coordenadores de cursos e que obtivesse o reconhecimento de sua credibilidade, elevando o grau de previsibilidade nessa área.
Talentos foram agregando talentos tentando resolver esses dilemas iniciais e conexões cada vez mais relevantes começavam a ser feitas.Outra vertente que começou a ser trabalhada, os efeitos do que se produzia e o relativo impacto nas organizações, o que remete a critérios de avaliação acadêmica. Outra preocupação: criação de espaços de reflexão e debate.Encerra colocando três questões: Há de fato atenção merecida aos cursos de Pós Lato Sensu que estão sendo oferecidos? A experiência com a junção da Administração Pública e de Empresas tem sido avaliada? E, por fim, a Administração está conseguindo vencer o desafio de fazer conexões com outras áreas e não ficar “ensimesmada”?

Analisando números ...


Ruben Klein – Professor, Pesquisador e Consultor

O professor, que é da área de Educação Básica, mais especificamente Ensino Médio faz uma análise dos números apresentados na Educação Superior, embora censo de 2004, para uma reflexão da qualidade na Avaliação do Ensino Superior.
Inicia com as questões:
Qual o perfil de Ensino superior que queremos?
Com que grau de eficiência?
Detalhe inicial : número de vagas oferecidas no Ensino Superior é em vagas superior ao número de concluintes do Ensino Médio. Então, teoricamente partimos do princípio que não temos falta de vagas para o acesso.Muito superior, bom que se diga.
Que acesso?
Que demandas?
Esses pontos devem levar em conta aspectos já ressaltados pelo Prof. Lindolfo em relação ao desequilíbrio na oferta: humanidades x exatas e a qualidade, difícil de ser medida.
Os números apresentam 99% de preenchimento de vagas nas instituições públicas e 50% nas privadas. Análise geral, sem separar regiões.
Outro dado: 59% estudam a noite no setor privado e 25% nas públicas. Um fato é certo: não há como manter o mesmo nível de qualidade e o Prof Ruben, julga que o cerne da questão está no financiamento, pois os cursos noturnos são mais adequados à extensão , para quem está no mercado de trabalho, não em formação.
Pela interpretação das demandas temos defasagem na Educação Tecnológica , criação de Centros Tecnológicos seria mais adequado do que criação de Universidades, mas não é o que aponta as tendências nas políticas educacionais.
Grosso modo ele enfatiza que não há como o Brasil ter um perfil competitivo e tecnológico com os números que apresenta nos respectivos cursos e instituições. A partir de um cálculo rápido, para citar a evasão, 80% de concluintes na escola pública e 50% nas privadas.
Em certa medida crescimento não está em questão, mas prioritariamente a qualidade. E qualidade só pode ser medida com análise de desempenho, padrões precisos e ganhos (como entrou, como saiu) . O ENEM é um bom ponto de partida .O ENADE embora tenha mudado em relação ao “Provão” manteve mesmos critérios de classificação e natureza .Enfim, ele conclui dizendo que apesar de números não tão atuais é preciso repensar que Ensino Superior que queremos e com que eficiência à luz do que temos aprimorando os critérios para medição .

Observações e preocupações : por um professor...


Prof. André Lacombe – PUC-RJ


Partindo de uma simples definição de Educação, extraída do dicionário de sua filha de 12 anos: “Educação é fazer alguém ter hábitos e conhecimento para se viver em sua sociedade”, o prof. André Lacombe inicia sua fala...
Definição apropriada , lembrando que hábitos primeiramente são formados em casa, com os pais e o restante passa a ser complementado ao longo da vida com a escola formal e fora dela.
Com isso a Universidade “herda”um adulto com uma herança a ser “formado e moldado”.
E começam as observações:
Dificuldade do aluno em interpretar o que lhe é solicitado em simples enunciados. Dificuldade consequentemente em responder, em formular idéias, criar;
Dificuldades com a língua – o aluno preocupa-se em fazer “os cursinhos da esquina”de línguas mas não respeita sua própria . Com o uso cada vez mais freqüente da internet as regras gramaticais geradas são caóticas , basta ver um diálogo no MSN , um recado no Orkut. O mundo formal é composto de documentos que precisam respeitar a linguagem formal, é um desafio .
Aprendizagem requer formação de hábitos desde a infância . Algumas famílias e escolas de Educação Infantil cumprem bem esse papel... alguns alunos vão depender exclusivamente do mestre , na vida adulta, pois não tiveram essa assimilação paulatina;
Ética . A cola, o plágio, sempre existiram, mas hoje está ainda mais fácil e pior: mais natural com a banalização das “pesquisas”;
Um outro desafio- a desvalorização do professor . Alunos trabalham/estudam, há uma tendência em valorizar mais o chefe porque ganha mais e é mais poderoso ... então a conclusão é que deve ser mais “sabido”;
Valorização da renda em detrimento da formação. Há uma pressão do “ganhar já” com a antecipação do futuro e o sacrifício do presente;;
Novos métodos. Evidentemente o que está fora da escola é mais atraente, mais lúdico – internet, TV, softwares. A comparação é inevitável porque a sala de aula convencional é maçante. Introduzir novos métodos, o estudo de caso é um exemplo que tem sido bem aplicado na aproximação da realidade;
“Ensinagem” – o aluno necessita de momentos para aprender por si só porque caso contrário, mais à frente, não vai sair do lugar! Então é preciso que tenhamos sistemas híbridos de ensino e aprendizagem;
Formação docente e capacitação constante : a formação deve ter fundamentos humanistas independente da especialização e a capacidade didática deve ser aprimorada acompanhando , ou tentando acompanhar as transformações que vivemos;
Processo avaliativo: um desafio constante pois no remete a uma grande questão, até que ponto a Universidade está comprometida com a realidade vivida?Assim , encerra com o dilema :
A quem estamos servindo:
Alunos?
Pais?
Empregadores desses profissionais?
Sociedade?

Será que à luz dessas observações e preocupações a Universidade está servindo ao público que se propõe?

Oferta e demandas no Ensino Superior : um desafio diante do cenário brasileiro!


O Prof. Lindolfo da FGV segue citando que muitos setores no Brasil, cresceram, mas a Educação, teve um crescimento notável, especialmente na Pós-Graduação após a década de 50 com CNPq e CAPES . Já no início da década de 60 os primeiros reflexos puderam ser vistos com o retorno de estudantes que fizeram complementação no exterior e conseqüente influência no sistema para a criação da Pós-Graduação. USP, PUC-Rio e Mackenzie, historicamente, o berço do início dessa expansão.
Recentemente, assistimos a grande explosão de cursos no setor privado, principalmente nas áreas sociais, evidentemente devido ao menor custo de instalação. Engenharia, área médica, dependem de uma instalação mais complexa. O resultado , em termos de atendimento de demandas , é um certo desequilíbrio. Cita o exemplo da China com o recente desenvolvimento tecnológico e até os EUA, com tradição na área . Então, o Brasil precisa pensar esses aspectos para suprir as lacunas existentes.